Lisboa | Maio 2016
Volto a ser capaz de ver, e percebo que nem me importo se o meu olhar é sancionado pelos outros ou não. Um dia encontrei ideias, um modo de estar que me permitia movimentar-me no mundo com mais à vontade, não viver presa nas minhas ansiedades e incapacidade, e agarrei-me a isso, vivi-o, fiz por fazê-lo crescer e chegar mais longe. Isso esteve parado durante muitos anos. Agora é hora de regressar.
E assim volto a percorrer as ruas de Lisboa, a enfiar-me por vielas onde vejo o que mais ninguém vê, e de onde saio mais saciada de beleza. Ando sem parar, mais feliz quanto mais doerem as pernas e se aproximar o entardecer. Ao final da tarde procuro a luz sobre o rio, no Cais das Colunas, ou acabo em Santa Catarina, anónima entre aqueles grupos com os quais não tenho muito em comum, mas onde me sinto bem em passar despercebida.
Reconheço finalmente as minhas narrativas e as minhas buscas.
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