segunda-feira, 22 de outubro de 2018

programa de vida

Estive para acrescentar um parêntesis no fim do post anterior que dizia: "um emprego que não me faça aquilo que um ano de callcenter quase conseguiu fazer, acesso regular à natureza, e um par de amigos que a vida não devore, e não pedia mais". E depois pensei que isso provavelmente já seria pedir demasiado. E depois apercebi-me que há dois anos não pensaria que isto seria pedir demasiado.
Esta fase má não é materialmente pior que outras, mas é aquela em que a sensação de que se calhar isto não é uma fase, mas a vida possível, é mais forte. E tenho medo de um dia passar a acreditar nisso. E é uma treta.

domingo, 21 de outubro de 2018

programa de vida

"I´ve been slowly wearing away at my ignorance."
Javier Marías, All Souls

Já não seria uma má vida.

Apophasis at the All Night Rite Aid

Not wanting to be alone
in the messy cosmology
over which I at this late hour
have too much dominion,
I wander the all-night uptown Rite Aid
where the handsome new pharmacist,
come midnight, shows me to the door
and prescribes the moon,
which has often helped before.

Catherine Barnett, "The Game of Boxes"



(Descobri o poema e a autora no blogue do Mário Gonçalves. É sempre um gosto apanhar boleia nos seus relatos de viagem, e diminuir um pouco a minha ignorância em relação à música clássica.)

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Globo

the globe
the globe
the globe



Um globo; a minha primeira caneta de tinta permanente; a poesia completa de Lorca em edição bilingue; um bule do Museu Victoria & Albert; uns headphones da Sennheiser, como os do meu irmão mais velho. Há algumas prendas que ficam connosco, que nos fazem sentir amados e conhecidos. Esta semana descobri que o meu globo, que tenho desde a primária, ainda acende. E as primeiras noites de Outono (tão bem vindas!) ficaram mais acolhedoras.