Nada ofende tanto como sairmos da caixinha em que nos puseram. O fenómeno é antigo: pessoas que se encantam comigo porque me acham "pura", "frágil", "bonita." Quando lhes digo que sou só gente, com a minha misantropia, a minha recusa de consensos bonitinhos, a minha rabugice, encaram isso como se encara uma criança pequena que, quanto mais tenta fazer beicinho, mais adorável fica. O que se segue é expectável: quando são obrigados a admitir que não estou disposta a partir os ossos para caber bem na caixinha, ai esta cabra que nos andou a enganar. A uma pessoa má perdoa-se tudo; de uma pessoa que alguém decidiu etiquetar, unilateralmente, como "boa" ou, pior ainda, "bonita", qualquer atitude que não um baixar de olhos humilde e caladinho (caladinho é muito importante) é um crime que só se expia com ostracismo ou apedrejamento.
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