Leio a notícia que dá conta do falecimento de Germana Tânger. Não conheci o seu trabalho a fundo, mas conheci o suficiente para o admirar. Deixo aqui parte de um texto que escrevi num blog antigo, depois de a ter ouvido pela primeira vez, em Junho de 2008, bem como o link para essa entrevista completa.
"Assombrou-me ouvir Germana Tânger, convidada do programa "Câmara Clara" de 15 de Junho, dizer o Aniversário de Álvaro de Campos. Dizê-lo, não declamá-lo: dizê-lo do coração, como se fossem suas as palavras e sua a vida que se derrama no poema.
Professora de dicção no Conservatório Nacional durante vinte e cinco anos e declamadora há mais de cinquenta, falou de como para dizer poesia é preciso, antes de mais, que quem a diz encontre a sua própria voz. Gostei desta ideia de apropriação do poema, fazê-lo sair do meu coração e não do meu palco; mais do que passar da leitura passiva à voz, passar de declamá-lo a vivê-lo activamente.
Professora de dicção no Conservatório Nacional durante vinte e cinco anos e declamadora há mais de cinquenta, falou de como para dizer poesia é preciso, antes de mais, que quem a diz encontre a sua própria voz. Gostei desta ideia de apropriação do poema, fazê-lo sair do meu coração e não do meu palco; mais do que passar da leitura passiva à voz, passar de declamá-lo a vivê-lo activamente.
Depois de ver e ouvir o Aniversário de Germana Tânger (porque foi tanto seu quando o partilhou, que demorei algum tempo a reconhecer o poema de Pessoa) experimentei com um dos poemas que me é mais querido; repeti muitas vezes os versos que saíram vazios, demorei-me em cada palavra e, devagar, vi transformar-se à minha frente um poema que sempre tinha considerado meu - até esse momento em que verdadeiramente o foi."
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