quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

a January girl




Continuo sem saber muito bem onde fica o limite entre a sensibilidade e o dramatismo, a partilha e a sobre-exposição. Como se não bastasse, 2017 deu-me uma tareia grande, quando me obrigou a caminhar numa linha muito tremida entre a necessidade de acreditar em mim como condição absolutamente necessária para crescer, e a consequência expectável para alguém que, como eu, tem em acreditar em si mesma o desafio mais difícil: quando chega o tropeção inevitável, o contratempo que devia ser expectável e manejável, a primeira sensação é de vergonha imensa, de erro crasso, por se ter caído na estupidez de acreditar que conseguíamos coisas. "Já devia saber que voos destes não são para mim", por aí.
Mas depois olho para o que escrevi no princípio dos vinte, ou para estes auto-retratos que estão guardados a ganhar pó numa gaveta há seis anos, e penso que nessa altura a insegurança não era menor - o que havia era um espírito combativo, uma predisposição para correr riscos e para acreditar na recompensa da audacidade, que os anos me fizeram perder. Portanto, aproveito a aproximação de mais um aniversário - tão colado, como sempre, ao início de um novo ano, e cada vez mais perto do meio dos trinta - para me relembrar que foi sempre nos contratempos em que, ao contrário do que o bom-senso e a minha cobardia me diriam, decidi arriscar tudo, sem garantias, que tive os meus momentos mais criativos ede maior crescimento.
Tiro da gaveta estes auto-retratos de que gosto muito. Mais do que o risco inerente à exposição (que também sinto), assumo o risco de acreditar que podem não ser totalmente desprovidos de valor.

3 comentários:

  1. Só não dou os parabéns adiantados porque isso não se faz.
    São uns belos auto-retratos, pelo menos fotograficamente falando. Quanto dirão de ti, não sei, mas a composição, a luz... ��

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  2. Inês, que post tão bonito! :')

    É incrível a sensação de identificação que senti ao ler as tuas palavras... aprendi este ano que as coisas que mais quero estão do outro lado do medo mas há alturas em que a sensação de pânico é tão avassaladora... Desejo-te um óptimo ano novo!*

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