Gostava de escrever uma homenagem bonita a Ursula K. Le Guin, que morreu no dia 22 de Janeiro, mas faltam-me as palavras. Ficam os seus imaginários, capazes como poucos de abrir a possibilidade para uma reflexão lúcida, desassombrada - e sem proselitismos idiotas - sobre a humanidade, fica a sua compreensão profunda da natureza humana, a mistura de carinho e angústia que mostrava ter por nós, todos nós, nas suas personagens e nas suas histórias. Era humanista de uma estirpe que parece estar em vias de extinção e que hoje nos faz cada vez mais falta.
terça-feira, 30 de janeiro de 2018
segunda-feira, 29 de janeiro de 2018
Germana Tânger (1920-2018)
Leio a notícia que dá conta do falecimento de Germana Tânger. Não conheci o seu trabalho a fundo, mas conheci o suficiente para o admirar. Deixo aqui parte de um texto que escrevi num blog antigo, depois de a ter ouvido pela primeira vez, em Junho de 2008, bem como o link para essa entrevista completa.
"Assombrou-me ouvir Germana Tânger, convidada do programa "Câmara Clara" de 15 de Junho, dizer o Aniversário de Álvaro de Campos. Dizê-lo, não declamá-lo: dizê-lo do coração, como se fossem suas as palavras e sua a vida que se derrama no poema.
Professora de dicção no Conservatório Nacional durante vinte e cinco anos e declamadora há mais de cinquenta, falou de como para dizer poesia é preciso, antes de mais, que quem a diz encontre a sua própria voz. Gostei desta ideia de apropriação do poema, fazê-lo sair do meu coração e não do meu palco; mais do que passar da leitura passiva à voz, passar de declamá-lo a vivê-lo activamente.
Professora de dicção no Conservatório Nacional durante vinte e cinco anos e declamadora há mais de cinquenta, falou de como para dizer poesia é preciso, antes de mais, que quem a diz encontre a sua própria voz. Gostei desta ideia de apropriação do poema, fazê-lo sair do meu coração e não do meu palco; mais do que passar da leitura passiva à voz, passar de declamá-lo a vivê-lo activamente.
Depois de ver e ouvir o Aniversário de Germana Tânger (porque foi tanto seu quando o partilhou, que demorei algum tempo a reconhecer o poema de Pessoa) experimentei com um dos poemas que me é mais querido; repeti muitas vezes os versos que saíram vazios, demorei-me em cada palavra e, devagar, vi transformar-se à minha frente um poema que sempre tinha considerado meu - até esse momento em que verdadeiramente o foi."
Winter tales of a January girl | Malhadal
Janeiro aproxima-se do seu fim, e terminam, por agora, estas Winter Tales of a January Girl. O conjunto completo pode ser visto aqui. Até para o ano!
sábado, 20 de janeiro de 2018
sexta-feira, 19 de janeiro de 2018
segunda-feira, 15 de janeiro de 2018
Sábado (Lisboa, Viena, Istambul)
Brunch no Kaffeehaus. Uma mesa no canto. A luz suave junto das janelas. Chantilly no café. Tempo para ler jornais de uma ponta a ponta. Cair para dentro de um livro sobre Istambul, e só reparar que o ruído no café se tornou ensurdecedor quando levanto os olhos, entre capítulos. Uma paragem na Vida Portuguesa, cujo meu canto favorito continua a ser aquele atrás do balcão, num nicho que parece saído da Casa Velha dos meus avós. Os alfarrabistas da Rua Anchieta. A chuva miudinha. A exposição da Ana Hatherly na Gulbenkian. Ver a noite cair enquanto se desce a Avenida da Liberdade.
quarta-feira, 10 de janeiro de 2018
segunda-feira, 8 de janeiro de 2018
domingo, 7 de janeiro de 2018
Chá
Duas das prendas mais bonitas que recebi este aniversário foram acerca do chá: o clássico Livro do Chá, de Kakuzo Okakura, e um conjunto de bule e chávena lindíssimo do Museu Victoria & Albert. Tão grata e feliz pelas pessoas que me acompanham e acarinham.
sexta-feira, 5 de janeiro de 2018
34
Hoje faço anos. Chego aos trinta e quatro cansada e mal tratada pelo desencanto. Como antídoto escolho o regresso às minhas pequenas mitologias pessoais: a luta permanente entre o espanto da Alice e perversidade da Rainha; Ariadne que em Naxos renasce pelas mãos da embriaguez e da liberdade. E sempre, sempre, as árvores minhas irmãs: raízes profundas na terra, ramos tocando o céu. Riachos e oceanos no coração.
Winter tales of a January girl | Pergulho
Dias de Inverno, cheios de árvores, céus cambiantes, aquele silêncio que só se encontra no campo, muita escrita e muita fotografia, riachos criados pela chuva, olhos rentes ao chão de erva, musgo e xistos, chuva e vento que uiva, lareira, dormir em frente à lareira, muito Tom Waits, muito chá, vinho quente com especiarias, pequenos tesouros e memórias de família, um xaile da Avó e um xaile novo, demasiada comida e tanto, tanto mais.
quinta-feira, 4 de janeiro de 2018
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