sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Ruínas

Recebemos caixões que talvez
tenham bebés, talvez bombas,
talvez nada.
Escorre um óleo negro
pelas paredes da Europa,
os esporos de um bolor que nasce
de velhos ossos esclerosados
e da juventude devorada
por uma loucura de espelhos
que envergonharia narciso.
Há dias aos quais não se sobrevive
intacto, e em que museus e catedrais
são coisas que fizémos mas não merecemos.
1935 escorre, peçonhento, nas
praças ocidentais, nos girassóis pisados,
nos despojos que o mal divide
quando se senta à mesa
para comer o mundo com as mãos.

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