Quando já não esperava nada assim, um dos poucos heróis do nosso tempo foi capaz de me lembrar que a alegria é a minha casa; e voltar a acreditar nisso, nesse lugar, tem sido precioso. Há um texto de Erica Jong que se chama How to save your own life, e um dos seus preceitos diz: «if the evil eye fixes you in its gaze, look elsewhere». A internet popularizou uma declinação que diz qualquer coisa como: se o mal te olhar nos olhos, olha-o fixamente de volta até ele ganhar vergonha e olhar para outro lado. Tem piada, parece corajoso, e demorei algum tempo a perceber a estupidez disso. Ao considerar o regresso a este canto que sempre foi casa do desassossego mas que também o soube ser da alegria, decido que já chega de acreditar que a coragem se prova ficando voluntariamente no meio da sordidez a apontar para ela aos berros, e escolho voltar a abrigar-me na alegria. Mesmo se ela é incerta como uma chama de fósforo, e só pode viver na memória, com pouca ancoragem no real, como acontece neste momento. Mas tem de se recomeçar por algum lado.
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