Amesterdão | Setembro 2015
A meio de Vondelstraat existe um pequeno largo; apesar de ser um recanto lindíssimo, a rua está vazia, sem turistas; os edifícios escuros de ar antigo e caro dão-lhe um ambiente sereno, elegante mas sóbrio; no seu centro está uma igreja onde, mesmo através das portas fechadas (é hoje um edifício privado, não aberto para visitas) se ouve um ensaio de ópera; num dos lados está uma das entradas para Vondelpark, o maior parque verde de Amesterdão, cheio de árvores enormes e recantos bonitos; há marcas de giz no chão, indícios de um lugar onde, surpreendentemente, as crianças ainda brincam na rua; numa varanda envidraçada, num primeiro andar de esquina, é visível uma biblioteca repleta e um pouco caótica, onde gostaria de me sentar, de janela aberta, com um livro, enquanto ouço a música que vem da igreja e observo as grandes árvores do parque. Foi no primeiro dia da minha primeira visita a Amesterdão, mas bastou para saber que tinha encontrado um dos meus recantos favoritos da cidade. Enquanto rodeávamos o largo devagar, ouvindo a música e adiando um pouco mais o momento de prosseguir, trocávamos olhares e sorríamos, como se tivéssemos, por pura sorte, encontrado aberto o portão para um jardim secreto que espreitávamos há muito tempo.
Amesterdão | Setembro 2015
O que me surpreendeu mais em Amsterdam e as outras cidades holandesas onde estive foi o que ouvi, mais do que o que vi. Ouvia-se, em primeero lugar, silêncio. Não há aquele burburinho urbano feito de motores, pisos ruidosos, buzinas, barulhos fabris, obras. Mas nesse silâncio o que espanta são os muitos pássaros que cantam, os sinos (afinados) a tocar, a música de piano que emana de um segundo andar ou de órgão de uma igreja... Ouve-se outra cosmogonia, e é quase a revelação de um milagre onde apetece ficar ou regressar. Foi assim Alkmaar, foi assim Delft. Obrigado por me recordar essa sensação, Inês.
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