Depois de um dia refém do sem-sentido, o nosso restaurante grego na Caparica numa noite já deserta, em que o nevoeiro torna as luzes difusas e assombra as montras de boias e toalhas. O rugir do mar e o cheiro a sal que se cola à pele lembraram-me Invernos passados no Baleal; se há muitos anos aprendi aí que a solidão não invalida a ternura, aprendo agora que ter uma Casa não tem de destruir as viagens interiores que requerem solidão. Calor, ausência, solidão, ternura, sempre me acompanharam, e a cada regresso à praia fora de época, as ondas relembram-me essa linguagem de inquietação e de dança.
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