quarta-feira, 30 de abril de 2025

Antídoto

Há algum tempo, num dia muito zangado, escrevi "Há dias aos quais não se sobrevive / intacto, e em que museus e catedrais / são coisas que fizemos mas não merecemos." Hoje Wisława Szymborska respondeu-me, com o seu poema "Vermeer".
 
"So long as that woman from the Rijksmuseum
in painted quiet and concentration
keeps pouring milk day after day
from the pitcher to the bowl
the World hasn’t earned
the world’s end."

1 comentário:

  1. Muito bonito, Inês, vivificante nestes dias fúnebres da raça. Seria eu capaz de me sentar a olhar para esse Vermeer 'sem fim' ? Talvez, se pudesse ir ouvindo os concertos de Brahms, ou as últimas 3 sonatas do Ludwig, algum Mahler de permeio. É um mistério, que o mesmo ADN que fabrica coisas tão prodigiosas seja capaz de massacres, invasões e fatwas. Estamos, ao mesmo tempo, a ir para Marte, a canibalizar a tribo vizinha, a erguer o Parténon, a violentar crianças. Raça de gente esta que somos.

    ResponderEliminar