segunda-feira, 5 de abril de 2021

In the light from conflagrations

O desencanto levanta um muro entre mim e as coisas a que pertenço. Não há-de durar. Não por mim (dificilmente por mim), mas pelas coisas, que merecem ser celebradas. Nesta vida de absurdos e pequenez há, ainda assim, a possibilidade de êxtase, praias desertas, uma passagem de Camus que me salva, uma certa Lisboa, Londres, a aldeia da minha Mãe, os livros, Kavafis, "Uma Carta no Inverno" e "Nocturno de Malmö" do V.G.M., "Return to the Moon" dos El Vy, Astor Piazzolla, Musil, cerejas, Woolf, entardeceres de Verão, museus, um verniz rosa-claro com brilhos dourados, igrejas e capelas onde há silêncio e luz, o Malhadal, o pinhal atrás da casa da minha Avó, livros de arte, poemas sobre gatos. Não sou só o puro corpo de visão e testemunho que reconheci ser na minha primeira praia; sou um instrumento de êxtase e celebração.

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