Procuro
raízes imaginárias
que me liguem definitivamente
às cidades invisíveis
que só sei habitar de vez em quando,
que fixem no espelho
a prata que me foge do corpo
assim que admito que este perfume
também me pouse na pele.
A Severa,
com o seu manto azul-arroxeado,
só por vezes me permite que a siga
nos labirintos criadores que fervilham no mistério
das coisas,
e eu perco-me ainda, quando só,
até nas dores quotidianas, mães da mais elementar
criação poética.
Procuro então raízes imaginárias
que evitem o exílio
quando o peso dos dias
e das ruas vazias de significado
torna mais difícil
gravar pássaros na pele
e andar pelos bairros velhos em dias de chuva.
Houvesse nas minhas páginas
e nos meus passos
as mesmas aguarelas
de verdades e poesia e cidades reveladas
que sempre só quase vejo.
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