segunda-feira, 18 de março de 2019

Auto-retratos

Vieira da Silva (autorretrato, 1932) e uma tonta. 




Que mais poderia eu fazer numa exposição sobre o retrato português que não fingir que também sei jogar este jogo? Sim, podia calar-me, mas por mais adepta que seja do silêncio, vamos ser francos: este dia serviu muito para me lembrar que calar-me não é opção, que ainda não me rendi. Ainda agora reentrei nos labirintos de uma criação que não tenha medo da própria voz; só agora começo a descortinar um caminho em que talvez seja possível equilibrar a minha tendência para ensimesmar (sempre a autobiografia), com o recém-descoberto gosto de pegar naquilo que, no mundo, me deixa perplexa, e tentar escavar até ao osso. Joguemos, então.

segunda-feira, 11 de março de 2019

Identidade (III)

"O estereótipo anestesia a nossa percepção, mas não de um modo frio e desapaixonado. Pelo contrário: quase nada nos produz mais gozo e inflamação do que repetir estereótipos. Reproduzimo-los como se afirmássemos o mais íntimo, o mais profundo ou o mais autêntico do nosso ser. Eles emocionam-nos, inflamam-nos, levam-nos às lágrimas. Há uma verdadeira paixão da repetição, da confirmação, da mimesis, da adesão. É o gozo do reconhecimento e da identidade."
Dar a ver, dar que pensar: contra o domínio do automático | Amador Fernández-Savater (via Bicho Ruim)

Uma nota para mim mesma, para não me levar demasiado a sério nisto, ou nisto.

Identidade (II)

"Os códigos nem sempre são conscientes, mas funcionam através de nós: somos vistos, pensados e actuados por eles. Eles implementam-se automaticamente onde não há um trabalho de elaboração própria."

Dar a ver, dar que pensar: contra o domínio do automático | Amador Fernández-Savater (via Bicho Ruim)

domingo, 10 de março de 2019

Olhares



Willy Ronis | Bollène, France, 1954 (via Picture This...)

terça-feira, 5 de março de 2019

"A máscara é o mundo que nos rodeia"

© Teresa Pacheco Miranda | Público



A máscara "existe em todo o lado do mundo". Mas nesta zona do país as máscaras são descaradas, ajudam a revelar barreiras de comunicação com o Litoral, esse privilegiado. "Os caminhos vão afunilando", explica. "Para entrar em Lisboa temos cinco ou seis auto-estradas, com várias faixas em cada uma. E depois os caminhos vão estreitando, estreitando, estreitando até que aqui chegamos. Aqui há alcatrão desde que se fizeram as barragens. Antes havia caminhos de terra batida para burros."

Carlos Ferreira, guardião das máscaras de Sendim: "A máscara é o mundo que nos rodeia" (Público | 05.03.2019)

domingo, 3 de março de 2019

Ariadne



Esboços (2018)

Identidade

2018


Sinto um certo desconforto ao olhar para estas imagens, porque ao mesmo tempo que são mais do mesmo (a minha antiga e persistente incapacidade de me desdobrar), também não sei até que ponto ainda me reconheço nelas - não sei, na verdade, se me reconheci nelas sequer no momento em que as tirei. Provavelmente sim, e distorço a minha memória dessa noite à luz desta espécie de desfoque, de indefinição, em que me sinto hoje. (E como não sei caminhar a direito, procuro um foco através das minhas máscaras.)